Dez tendências de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) para 2025: Um Olhar Global e Estratégico

Por: Adriano Bandini

À medida que o mundo enfrenta mudanças sociais, políticas e ambientais, as tendências de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) para 2025 apontam para uma abordagem mais integrada e estratégica. Organizações em diferentes setores terão que se adaptar a um cenário em que a inclusão não é apenas um valor ético, mas é reconhecido como uma necessidade para a sustentabilidade e o sucesso organizacional.

Este artigo explora as principais tendências para o próximo ano, incluindo o impacto do cenário político global, a crise de refugiados e os desdobramentos da reunião do G20 no Brasil.

1. Impacto do cenário político americano e internacional

O cenário político será um dos fatores mais influentes na DEI em 2025. Nos Estados Unidos, questões como direitos LGBTQIAP+, equidade racial e imigração continuarão a ser debatidas intensamente, com as empresas sendo pressionadas a se posicionar. A polarização política também pode levar a legislações conflitantes, obrigando as multinacionais a adaptarem suas estratégias para diferentes contextos estaduais e internacionais.

Globalmente, a instabilidade em várias regiões, incluindo políticas de guerras e crises migratórias, criará desafios e oportunidades. As empresas que operam em ambientes internacionalizados precisarão alinhar suas práticas de DEI às normas e expectativas locais, ao mesmo tempo em que promovem valores inclusivos em suas operações globais.

O Brasil possui desafios específicos e cenários socioeconômicos e políticos próprios que nos diferenciam dos EUA, mesmo contando com inúmeras empresas americanas em nosso território. A necessidade de resolver problemas estruturais são inerentes a agenda de DEI e impulsiona as ações afirmativas por aqui.

2. Refugiados climáticos e políticos

A crise dos refugiados será uma questão central para a DEI em 2025, impulsionada tanto por conflitos políticos quanto por desastres climáticos. Refugiados climáticos, deslocados por eventos como enchentes, secas e aumento do nível do mar, somarão desafios a uma já grave crise migratória. As empresas têm a responsabilidade de criar ambientes inclusivos para acolher essas populações, implementando políticas de contratação que valorizem suas experiências e forneçam suporte para sua integração social e profissional.

Iniciativas como programas de capacitação, reconhecimento de qualificações internacionais e suporte psicológico serão essenciais. Além disso, organizações comprometidas com os direitos humanos poderão colaborar com governos e ONGs para apoiar diretamente esse grupo, demonstrando posicionamento e liderança em tempos de crise.

Essa tendência influencia a necessidade de tratar o tema Diversidade de crenças e religiosidade, apresentada abaixo.

3. A Conexão entre ESG e DEI: Racismo Ambiental e Crédito de Carbono

A integração da agenda ESG e DEI será um marco em 2025, especialmente na ampliação da governança da cadeia de fornecedores e no combate ao racismo ambiental. Esse conceito refere-se ao impacto desproporcional das mudanças climáticas e ambientais em comunidades marginalizadas, especialmente aquelas que vivem em áreas com menor infraestrutura ou em regiões mais suscetíveis a desastres ambientais.

A evolução da regulação do mercado de crédito de carbono cria uma oportunidade significativa para endereçar essas desigualdades. Dentro desse contexto, as organizações podem direcionar seus investimentos em créditos de carbono para iniciativas que beneficiem diretamente comunidades afetadas pelo racismo ambiental. Exemplos incluem:

  • Projetos de reflorestamento e recuperação ambiental em áreas habitadas por populações vulneráveis, garantindo que esses esforços também gerem empregos e infraestrutura local.
  • Transição energética inclusiva, como o financiamento de energia renovável em comunidades marginalizadas, reduzindo a dependência de fontes renováveis e promovendo o acesso mais equitativo à energia limpa.
  • Educação e capacitação em sustentabilidade, oferecendo treinamentos que ajudam esses sistemas a se integrarem à economia de baixo carbono, criando oportunidades econômicas e reduzindo a vulnerabilidade social.

Além disso, as empresas podem incorporar análises de impacto social em seus relatórios de sustentabilidade, demonstrando como suas ações no mercado de carbono foram ajustadas para a mitigação do racismo ambiental.

A regulação crescente nesse mercado, combinada com uma pressão social por justiça climática, oferecerá às empresas uma oportunidade única de iniciativas que integrem inclusão e sustentabilidade, promovendo equidade social, ganhos reputacional e ambiental de maneira estratégica.

4. Diversidade Cognitiva como pilar de criatividade e inovação

A diversidade cognitiva — que inclui diferentes estilos de pensamento, perspectivas e abordagens para resolução de problemas — ganhará destaque. As organizações perceberam que equipes com diversidade cognitiva têm maior capacidade de criar, inovar e se adaptar às mudanças rápidas.

Algumas empresas, pressionadas por governos locais, poderão utilizar mais o termo diversidade cognitiva do que os atuais termos que nomeiam pilares de diversidade por características humanas como raça e gênero.

5. IA, transparência e métricas em DEI

A medição eficaz das iniciativas de DEI será essencial em 2025. Empresas investirão em sistemas para monitorar e relatar seu progresso em diversidade, equidade e inclusão, utilizando dados para ajustar estratégias. A transparência será fundamental para construir confiança entre funcionários, investidores e a sociedade.

Nessa linha, o uso de inteligência artificial crescerá substancialmente ampliando os resultados das ações afirmativas.

6. Saúde Mental e Bem-Estar dos colaboradores

A saúde mental ganhará mais força junto a agenda de DEI. O reconhecimento de que grupos de pessoas diferentes recebem pressões diferentes aumentando ou diminuindo as chances de adoecimento mental, ampliarão as intervenções interseccionais do tema.

Políticas inclusivas que levem em conta as diversas necessidades dos funcionários, incluindo flexibilização de jornada para famílias com crianças com deficiência, acessibilidade metodológica para autistas, e segurança psicológica para pessoas LGBTQIAP+ e negras serão fundamentais para os cuidados e retenção de talentos.

O pertencimento junto com a segurança psicológica passam a ser melhor monitorados para retenção de talentos e ampliação das promoções de grupos diversos.

7. Educação contínua em DEI

A educação contínua continua em alta. Treinamentos regulares e acessíveis para todos os níveis organizacionais ampliam o letramento e a profundidade na compreensão da agenda, ajudam a consolidar uma cultura inclusiva e fomentar o crescimento por meio de melhores decisões estratégicas. Essa prática será especialmente importante em empresas que operam em ambientes multiculturais e complexos.

Programas de mentoria e mentoria reversa, investimentos em desenvolvimento técnico e comportamental, serão aprimorados com busca por maior visibilidade do ROI e na progressão de carreira dos grupos diversos.

Entre as formações estão pautas para mitigar os efeitos dos vieses cognitivos (conscientes ou não), barreira ainda presente na ascensão das mulheres, pessoas com deficiência e pessoas negras à liderança das empresas.

8. A influência do G20 na agenda de DEI

A reunião do G20 no Brasil, incluindo o G20 Social, realizada em um contexto global de desafios econômicos e sociais, terá impactos significativos nas políticas de DEI. Com a inclusão e ampliação de temas como mudanças climáticas, desigualdade social, acordos bilaterais e desenvolvimento sustentável na agenda do encontro, espera-se que as empresas sejam influenciadas a adotar práticas mais robustas de inclusão.

Além disso, a discussão sobre imigração e proteção de refugiados nos países do G20 incentivará colaborações público privadas para abordar essas questões.

9. Espiritualidade, diversidade de crenças, religiosidades e o papel mediador e promotor do diálogo da agenda de DEI

A diversidade de crenças, incluindo temas de espiritualidade e religiosidade, será cada vez mais relevante nas estratégias de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) em 2025. Em um mundo marcado por crescentes, tensões religiosas, polarização e até extremismos em algumas regiões, as organizações terão que lidar de forma ativa com essas questões para promover um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso.

A associação de conflitos com os temas religiosos, em diferentes contextos geográficos e culturais, representa um desafio para empresas globais. Esta manifestação não apenas ameaça à segurança e a coesão social, mas também pode se refletir no ambiente corporativo, manifestando-se como preconceito, discriminação ou conflitos interpessoais baseados em religiões.

As empresas precisarão atuar preventivamente para evitar que esses conflitos interfiram na cultura organizacional. Isso inclui:

  • Estabelecimento de códigos de conduta objetivos, proibindo qualquer forma de discurso de ódio ou discriminação baseada em religião ou crença.
  • Políticas de tolerância zero para comportamentos que promovam o extremismo ou a discriminação.
  • Letramento para ampliar o diálogo respeitoso. O diálogo inter-religioso e o reconhecimento das diversas formas de religiosidade, espiritualidade e até a não crença são fundamentais para promover um ambiente inclusivo. Iniciativas que estimulam a convivência e a compreensão mútua são essenciais, incluindo a Criação de espaços para diálogo inter-religioso.
  • Reconhecendo a Espiritualidade no ambiente de trabalho Além do tema religião, a espiritualidade no trabalho também deve ser valorizada. As empresas podem:

·       Incorporar treinamentos sobre diversidade religiosa e espiritualidade em suas ações de DEI.

·       Reconhecer líderes inclusivos que reconheçam e respeitem a pluralidade de crenças no ambiente de trabalho.

·       Abordar letramentos sobre a diversidade religiosa em 2025 para ampliar o repertório, diminuir vieses e a engenharia social que se utiliza do tema, além da construção de ambientes organizacionais que promovam o respeito mútuo e o pertencimento.

10. Diversidade etária e geracional

O tema veio forte em 2024 e segue ampliando seus estudos e ações afirmativas, especialmente na relação de trabalho da geração Z com demais gerações presentes no ambiente profissional.

Conclusão: Um futuro de desafios e oportunidades

As tendências do DEI para 2025 apontam para um futuro em que precisarão agir de maneira corajosa, estratégica e holística. As organizações que priorizam inclusão e equidade não apenas contribuem para um mundo mais justo, mas também se posicionarão como líderes em inovação, sustentabilidade e resiliência.

O desafio será integrar essas práticas de maneira sólida, navegar por posicionamentos políticos adversos, sem esvaziar os cuidados e o respeito por todas as pessoas, gerando os resultados financeiros, ambientais e sociais necessários.